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Traça dos Livros

"It's the way to educate your eyes. Stare. Pry, listen eavesdrop. Die knowing something. You are not here long." W Evans

Traça dos Livros

"It's the way to educate your eyes. Stare. Pry, listen eavesdrop. Die knowing something. You are not here long." W Evans

Blue Whale

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Tenho quase 42 anos e não tenho filhos, mas, ainda que, obviamente, a experiência não se possa comparar, contacto muito com "as gerações de hoje" por força da minha actividade profissional. Ao longo de 11 anos já me cruzei com muitas "gerações de hoje". Já trabalhei lado a lado com muitos membros desse grupo, aparentemente tão nefasto à sociedade, que são "as gerações de hoje". E, tirando as devidas excepções, todos eles - heróis e vítimas do seu tempo - conseguiram mostrar-se iguais a mim no simples e complexo das aspirações da vida. Aprendi muito com eles, sobretudo a sair do meu pedestal de membro da geração exemplo da história da humanidade, e espero ter ensinado alguma coisa ou, pelo menos, ter deixado boa impressão.

 

Considero o humor importante, sobretudo porque é através dele que se sente o pulso às sociedades e à sua capacidade de resiliência. Quando, muito tempo depois, começaram a surgir as primeiras piadas sobre o 11 de Setembro isso significou que nós, num todo, tínhamos superado o choque inicial e estávamos a começar a integrar e superar a experiência. O humor é importante mas pode, também, ser perigoso. E neste caso é.

 

É perigoso porque normaliza e retira importância a algo que é grave. Porque, mais uma vez, - e repito – mais uma vez!, coloca a culpa na vítima. Porque acrescenta dano a um grupo, que, deixemo-nos de tretas, é de risco e muito permeável a manipulações e ao qual devemos estar atentos e temos o dever de proteger e orientar.

 

Estes miúdos não são vitimas consentidas das modas da sua geração. Estes miúdos estão a ser vitimas de um crime. Ponto! Estão a ser vitimas de psicopatas que escolheram um determinado grupo alvo que sabem que podem manipular e controlar. E estão a ser vitimas da sociedade, vitimas de todos nós, que nos rimos das suas fragilidades e até aplaudimos o criminoso por estar a dar inicio a um muito necessário processo de seleção natural.

 

Ide todos à merda! Ide todos à merda! Esqueceram-se rapidamente do que é ser adolescente, de como a adolescência pode ser, sim, o melhor período da nossa vida, mas também, mais vezes do que não, o pior. Esqueceram-se rapidamente de como a adolescência pode ser uma idade das trevas, tão isolada do mundo exterior, tão violenta por dentro. Esqueceram-se rapidamente de como foi a relação com os vossos pais, de quantas vezes precisaram da ajuda deles mas não souberam como a pedir.

 

Ide todos à merda. Se perdessem menos tempo a fazer memes para o alarve gáudio das redes sociais e, ao invés de se rirem da morte de inocentes, partilhassem a mensagem de que, nós adultos, estamos aqui para os ajudar e para, independentemente das circunstâncias, os proteger… talvez lhes fosse mais fácil pedir a ajuda de que, obviamente – só não vê quem é burro – estão a precisar.

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